O que são relacionamentos tóxicos? Muitas vezes vivemos relações tóxicas sem perceber. Como identificá-las e como podemos lidar com esse tipo de relação?
Essa reflexão surgiu a partir de uma conversa que tive com minha filha quando ela me contou um conflito que ela estava vivendo no nosso prédio. Ela disse que saiu do grupo porque ele era muito tóxico. E isso acendeu uma luz dentro de mim.
Conversamos e busquei saber o que ela quis dizer com isso e quais eram as referências que tinha sobre esse assunto tão polêmico e profundo e que muitas de nós estamos engatinhando em relação a ele. Fiquei feliz em saber que ela soube nomear o que era uma relação tóxica. Ela me contou dinâmicas do grupo como desrespeito, falta de escuta, pedidos que não são atendidos.
Percebi que ela estava descrevendo uma dinâmica comum nos relacionamos familiares, amorosos e de trabalho. Foi assim que senti a necessidade de trazer esse assunto para compartilhar porque acompanho muitas mulheres no consultório que vivem relações tóxicas e não percebem.
O que é uma relação tóxica?
Uma relação tóxica é um relacionamento em que o que está no centro é o desrespeito. Mas isso não é tão óbvio quanto parece. Vou compartilhar, abaixo, algumas situações:
– Quando eu imponho algo para alguém sem perguntar para essa pessoa o que ela quer, eu posso estar sendo abusiva ou passando do limite;
– Quando eu escolho sem perguntar para o outro se é uma escolha que ele concorda;
– Quando eu falo com uma pessoa sem perceber que isso pode feri-la, se isso passa algum limite dela. Eu posso falar algo pra você e não me dar conta que esse é um assunto que seja delicado. Eu posso estar contar para você uma experiência cheia de julgamento na minha fala e não perceber que esse julgamento te fere.
Esse é um olhar que precisamos refinar. É mais fácil identificar a relação tóxica quando estamos lidando com uma pessoa que é violenta ou nociva na forma de comunicar e de se expressar, quando é uma pessoa que claramente não respeita nosso espaço e quem a gente é.
E quando isso é sutil e oculto na dinâmica? Quero falar dessas relações abusivas que não são óbvias.
Como identificar uma relação tóxica
Destaquei dois olhares para você observar se está em um relação tóxica ou abusiva.
1) Como eu me sinto?
Essa pessoa, empresa ou família me faz bem ou mal? Esse olhar é muito delicado. É importante perceber como eu me sinto nessas dinâmicas. Essa relação contribui pra minha vida ou me rebaixa? Ela me apoia como pessoa ou não?
Eu me sinto lesada, amedrontada, ameaçada? O que sinto quando o outro me fala? Ele me agride? Se tem algum desconforto, o que ele me conta? Responder essas perguntas pode colaborar a identificar.
2) O que fazer para deixar de nutrir esse tipo de relação?
Qual é o pequeno movimento que posso fazer para deixar de viver e nutrir essa relação tóxica?
Não digo somente romper um relacionamento, ou deixar de me relacionar com a outra pessoa, mas quais coisas preciso mudar dentro de mim para deixar minhas relações mais saudáveis? Talvez eu precise aprender a dizer não, a dar limite ao outro, aprender a ser respeitosa comigo para o outro me respeitar, aprender a dizer “Eu não quero isso”; “Eu não gosto da forma que você fala”, “Você não tem o direito de fazer isso comigo”.
Essas são atitudes, muitas vezes, difíceis de serem colocadas em prática. Podemos encontrar dificuldade de fazer isso sozinhas, porque às vezes não sabemos como agir, ou temos medo de entrar em conflitos, de deixarmos de ser amadas, medo da reação do outro.
É importante perceber quais são os ganhos ocultos de permanecer numa relação tóxica. Não sustentamos o desconforto à toa. Nós o sustentamos se ele nos entrega algo. Normalmente algo que atenda a uma necessidade profunda. Pode ser a necessidade de ser incluída no grupo, de pertencer, de ser amada, de ter amigos, de fazer parte das rodas e dos grupos. Sempre tem um ganho oculto. E ele não é óbvio.
Precisamos refinar o nosso olhar para chegarmos nesse ganho. Chegando nele, fazemos a diferença e nos responsabilizamos ainda mais. Porque podemos entregar isso para nós mesmas.
Sobre se responsabilizar
Se preciso do outro para me sentir amada, como eu entrego pra mim amor, respeito, inclusão? Eu estou me incluindo da minha vida ou estou me excluindo do prazer? Eu me incluo naquilo que é importante pra mim? Ou estou sempre de fora, orbitando? É bom refletirmos sobre isso.
Esse é um olhar muito bonito porque conta bastante sobre nós. No fundo, todas as relações têm um grande potencial de ensinar sobre nós. E quanto mais aprendemos sobre nós, mais temos a possibilidade de gostar e fazer as pazes com quem somos. Podemos nos responsabilizar por nossas necessidades e, com certeza, vamos ter uma vida mais leve, respeitosa, gentil porque vamos entregar tudo isso para nós mesmas.
Assista ao vídeo que fiz sobre esse tema:
Eu espero que esse texto contribua com as suas reflexões de autoconhecimento. Quer falar mais sobre as relações tóxicas? Manda mensagem pra mim no Instagram! Vou adorar me conectar contigo.
Quer estar mais pertinho e entender mais sobre esse medo ou outros, conheça meus trabalhos: Terapia e Terapia Breve.
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