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O que você sente quando olha pra essa imagem que está no texto? Você se reconhece nela?

Escolhi uma foto bem caricata de uma mulher raivosa porque ela me trouxe uma sensação muito ruim quando a vi. Me perguntei por qual motivo tinha sentido isso e me vieram palavras como: louca, histérica, descompensada.

Quantas vezes somos tratadas assim quando nossa raiva nos toma? Quantas vezes fomos julgadas por expressar raiva? Quantas vezes tivemos nossa razão invalidada porque nos expressamos com intensidade?

A raiva sempre me trouxe muitas reflexões. E, por isso, senti vontade de falar sobre ela para que outras mulheres possam se juntar a essa conversa e, assim, possamos fazer as pazes com quem somos.

Eu sempre senti muita raiva e me considero uma mulher muito raivosa, apesar de hoje lidar muito melhor com a raiva que existe em mim. Ao longo da minha vida, ouvi muitas vezes as seguintes frases: “O que você fala machuca”; “Não é o que você fala, mas como você fala”.

Já feri muitas pessoas a partir da minha raiva e da minha fúria. Aprendi que era feio sentir raiva; que meninas não sentem raiva; que sentir raiva não “combinava com ser menina”. Não eram exatamente essas frases que eu ouvia, mas era isso que eu “ouvia” diante de frase, como “menininha tem que ser meiga e carinhosa”. E acabei colecionando muitas experiências que me contaram que sentir raiva era algo muito feio.

Quero muito compartilhar algumas perguntas que faço para identificar como lidar com a raiva que sinto. Perceba se você também sentiu coisas parecidas:

Já sentiu culpa por sentir raiva?
Já feriu alguém em um momento de raiva?
Já sentiu vergonha por sentir raiva?

Se você conhece esses lugares, este texto pode colaborar para você entender mais sobre esse sentimento.

Fazendo as pazes com a raiva

Gostaria de compartilhar três reflexões sobre a raiva que podem apoiar o nosso processo de libertação desse lugar que ela é algo nocivo, que sempre vem acompanhada de violência e agressão.

1) A raiva faz parte de nós

Muitas vezes eu ouço no consultório o desejo de muitas mulheres de deixar de ter raiva. Eu já tive muitas vezes esse desejo de excluir a raiva, de tirá-la da minha vida, de fazer com que eu não a sentisse mais. A raiva é parte das nossas emoções, assim como a alegria, o medo, a tristeza, e tudo aquilo que sentimos. Ela não é boa, nem ruim. É só mais uma emoção.

A forma que eu lido com ela é que vai trazer consequências boas ou ruins. Não existe cura na exclusão, mas sim na integração. Cura é integração e a raiva conta sobre quem somos. Esse olhar é o primeiro passo pra gente lidar com a nossa raiva de um lugar mais ordenado e carinhoso.

2) A raiva movimenta uma quantidade de energia muito grande dentro de nós

A raiva é uma energia de ação, rápida, quente. Se eu aprendo a usar essa energia para algo que eu quero, ela pode ser muito produtiva e transformadora. A partir de um impulso de raiva, podemos deixar de procrastinar, mudar um hábito ou uma rotina, criar projetos, abandonar um vício.

Se alguém me fez algo e isso me fez sentir raiva, e eu quero provar para essa pessoa que ela está errada, eu vou lá e realizo. Quanto menos medo tivermos da raiva, mais poderemos usar essa energia em nosso benefício. Trazer consciência da potência de ação que a raiva nos traz é um passo importante.

3) Podemos aprender a canalizar a nossa raiva

Ao termos essa consciência, podemos criar ou mesmo colocá-la pra fora sem machucar uma pessoa ou nós mesmas. Muitas vezes não explodimos, mas engolimos a raiva. E podemos ficar doentes por não transformarmos essa energia. Isso é algo que não costumamos ter na nossa educação. Só ouvimos: “Ter raiva não é bom”; “Engula essa raiva”, “Elimine a raiva da sua vida”.

Quando não mexemos na energia da raiva e a deixamos parada dentro de nós, podemos ter úlcera, gastrite, doenças no aparelho digestório – que tem muito fogo interno e traz bastante energia de fogo para transformar os alimentos, energia muito parecida com a da raiva.

Aprender a direcionar a raiva pode fazê-la nossa parceira. E como podemos fazer isso?

A raiva acorda nosso vulcão interno. Por que não tomar consciência dela e usá-la para fazer ações no nosso dia a dia? Seja para escrever um texto, realizar uma ideia, planejar uma viagem, mudar de cidade, construir uma casa nova, qualquer coisa que me peça ação.

Se não tivermos alguma situação concreta para realizar, podemos também usar essa energia para fazer exercício! Qualquer coisa que peça movimento. Podemos gastar essa energia correndo, pulando corda ou realizando ações que nos fazem suar. A raiva é uma energia quente. Evitamos que ela machuque nosso corpo quando a movimentamos para ela se expandir e se transformar.

E que tal olharmos a raiva de uma forma natural já que não podemos viver sem ela? Uma pessoa que não a tem não consegue se defender no mundo. Quando conseguimos olhar para essa emoção como algo positivo, potente, começamos a ressignificá-la. É um caminho de transformação, de fazer as pazes com nossa expressão natural. Quantas vezes a bloqueamos porque ela poderia ferir ou machucar alguém!

Meu convite é que a gente se sinta cada vez mais confortável em ser quem somos. Sem excluir os nossos sentimentos. Sejamos integrais, pessoas saudáveis que aceitam suas emoções e trabalham internamente para integrar as sombras.

Esse é o mundo que quero criar: com mulheres que se sentem confortáveis em serem quem são e que sintam prazer na vida com mais leveza.

Também fiz um vídeo sobre esse tema no meu canal no YouTube:

Espero que este tema te toque e contribua para que essa raiva encontre um lugar bom dentro de você e no mundo.

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E se precisar de colaboração de uma profissional para lidar com a raiva ou outras emoções vivas em você, conte comigo! Deixo dois trabalhos que realizo: Terapia e Terapia Breve pra você conhecer

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