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Quando comecei a trabalhar a minha sexualidade não imaginava que o sagrado e o profano estivessem tão desintegrados dentro de mim. Eu tive uma educação com bastante liberdade de experimentar, falar e viver a minha sexualidade, mas não imaginava o quanto que trazia tabus relacionados a esses dois arquétipos.

Quando falamos dessas duas imagens, podemos também incluir a santa e a puta – que são dois arquétipos muito controversos na nossa educação como mulheres. É importante dizer que essas duas imagens, de alguma forma, impactam ou impactaram a nossa sexualidade e as nossas vidas em algum momento.

Nós somos criadas numa cultura judaico-cristã onde Lilith (a mulher sexual), primeira mulher de Adão, foi excluída por não se submeter sexualmente a ele. Já o Feminino real foi excluído da Igreja Católica onde Maria, mãe de Jesus é considerada virgem e santa. Tiraram o cunho sexual da mãe.

A sexualidade foi tirada logo da mãe que, pra gerar uma criança, precisa se relacionar sexualmente com alguém.

Crescemos com a informação de que a mulher sexual é excluída e a mulher santa é amada e passiva de devoção. Nenhuma de nós quer viver essa exclusão, seja simbolicamente ou no dia a dia.

Como trabalhar o sagrado e o profano em nós

Quero deixar algumas sugestões caso você queira explorar um pouco mais como é esse tema pra você.

1) Como essas duas imagens (da santa e da puta) habitam seu imaginário hoje?

Observe como esses dois arquétipos eram tratados na sua família ao longo da sua educação. E como foi a sua história? Como a sua família se relacionava com esses dois arquétipos?

Quais frases ouviu sobre a santa e a puta, sobre o sagrado e o profano? Como a relação com esse tema se dá dentro de você?

É muito provável que essas duas imagens estejam separadas como está presente hoje na grande maioria das casas. Observe como a santa e a puta compuseram seu imaginário. Isso pode contar bastante sobre a forma que você olha a sexualidade hoje.

2) Aproxime-se do tema

O sagrado e o profano são temas que você não gosta? Você sente alguma resistência em relação a um tema ou outro? Sugiro que se aproxime de imagens e filmes sobre esse universo. Mesmo que você julgue, se sinta desconfortável, converse com suas amigas, pergunte como elas se sentem em relação a essas duas imagens. Observe como você se sente quando faz essa aproximação.

Tome consciência se existe recusa, aversão ou desconforto com algumas dessas imagens (santa e puta). Se identificar alguma resistência a elas, observe o que isso conta sobre seus tabus e crenças. O que negamos conta muito sobre o que precisamos curar.

3) Explore esses dois arquétipos: a santa e a puta

Se você tem dificuldade com um desses arquétipos, explore esse tema. Seja lendo livros, assistindo filmes que tragam essas imagens, ou esse clima do sagrado e do profano, converse sobre o tema e perceba como você se sente nessas situações. Quanto mais nos aproximamos de um tema que é tabu pra gente, mais fácil ele deixar de ser um tabu.

Pode ser uma experiência muito divertida! Não precisa ser para o mundo. Pode fazer pra você. Que tal dançar músicas que te remetam a esses dois cenários; como é vestir a roupa da puta e da santa, em dias diferentes? Como você se sente? O que isso conta sobre seus segredos, sua história?

Assista ao vídeo que fiz sobre o tema:

A Santa e a Puta, o Sagrado e o Profano são dois lados de uma mesma moeda. Fazer as pazes com essas duas imagens, esses dois arquétipos é muito importante pra quem quer viver uma sexualidade livre. Integrar, unir, curar o que está separado dentro de nós é muito libertador e nos permite sermos inteiras.

Quando falamos do arquétipo da santa, principalmente onde a sexualidade não cabe, estamos tirando uma grande força da mulher. Se pensamos na mãe como uma pessoa que não se relaciona sexualmente, temos algum problema. Negar a sexualidade da mulher, desse arquétipo da mãe, nos faz mulheres pela metade. Mulheres que se apropriam de si são mulheres inteiras.

Na Jornada Vivendo nossa Sexualidade olhamos pra isso juntas, com práticas e investigações onde podemos mergulhar com segurança nesse e em outros universos e fazer as pazes com partes muito importantes dentro de nós. Se você tem vontade de saber mais sobre esse trabalho, me escreve.

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